terça-feira, 7 de junho de 2011

O cravo brigou com a rosa?

Disse a rosa falante à planta carnívora:
Me coma, me coma, não me deixe ser sua amiga!
E a planta assustada buscava então algum romantismo
Enquanto a rosa aberta cuspia e gruía:
Me coma sem dó, vamos vá logo,
ouça e execute o apelo que lhe rogo!
Era muita pressão para um organismo do reino vegetal
Cuja pseudo-dentição só havia destroçado
toda classe desqualificada de pequeno animal
Mosca, mosquito, formiga, pulgão
Sabia bem como comer
Mal terminava a digestão
E já mirava outro ser
Mas uma rosa
Tão formosa
De tamanha perfeição
Que lhe implorava fogosa responsável atuação
Decepcionava a planta que dela esperava alguma afeição
A rosa sem rodeios falava ao sentimental comedor:
Não me queres? Não queres saber o gosto do meu odor?
À sua boca dentada me entrego, sem rodeios
Sem nenhum amor
Venha me mastigar, me despetalar, me sorver, me sugar
Acabe com meu ser
Nunca vi planta carnívora com frescura pra comer
Engula seu amor, seu afeto, seu querer
O que desejo é imoral, não me interessa a beleza
A nobreza do teu ser
Só abra a boca e me faça
Igual a mosca que você traça
A planta não conseguiu
Pois tamanha sorte
Travou-lhe o maxilar
E não permitiu o tão sonhado bote
A rosa linda, cheirosa e sedenta
Que todas as criaturas desejam
Continuou a ser o que se espera dela
Um símbolo intocável de beleza.


 

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