Para onde José?
Venha me buscar
De cavalo preto fugiremos a galope
Pois já nos deixamos
Pois nada nos entorpe
Sou sua mulher
Sua utopia
Ferida da alma
Sou quem sacia
E agora José?
Se nós não morremos
De duro que somos
E tudo acabou
A doce inocência
O instante de febre
Do samba a cadência
E nós nem vivemos
O que fizemos José?
Se nós gritássemos
Se nós gemêssemos
Se nós trepássemos
Se nos amássemos
Amor já não há
E agora ? E agora?
Se tudo se confunde
No vazio intenso da gente
A festa acabou
E nada ilumina
Se não temos nome
Se não cumprimos a sina
Não há o que beber
Não há o que fumar
Se tudo se mistura
Sentido não há
José nem existe
Nem Chico
Nem Carlos
E agora eu?
Se tudo que sinto
Se o que falo
Já não era meu
E a parede não era nua
Se a biblioteca traiu
Qual bicho do mato
Com fome e no escuro
Pergunto acuada
E agora? Mais nada?
Vou correr
Vou marchar
Vou esperar-te José
Em seu cavalo preto
Vou contigo e não abro
Mas José...
Para onde?
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