terça-feira, 23 de setembro de 2014

Catarata


Não deixarei que encantes

Os meus olhos folguedos

Que nada ao teu olhar inflame       

 

Não deixarei de canto

Os teus olhos falsários

Nada ao meu olhar informam

 

Não deixarei que cantes

O meus olhos falsetes

Com seu olhar soprano

 

Não ouvirei o conto

Dos teus olhos faltantes
 
Para meu olhar infante
 

Nunca haverá encontro

Dos teus olhos foguetes

Com meu olhar luar

 

Nada que tua retina seca

Mira ou molha ao me olhar

Seu olho a bailar insano

Sem som, sem foco, sem estar

Nada enfoca, nada vê

Nada enfarta, nada crê

Nada, nada, nada

Água, água, água

Água de olho é lágrima

Lágrima turva o olhar

Não deixarei que encontres

Lágrima, água, retina, luar

Olho que nada crê

Nada projeta pra fora

Nada projeto vigora

Alucinação

Anunciação

Tudo olha

Nada vê

 

 

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