terça-feira, 9 de setembro de 2014

Egoisticamente


O dia em que me fui de mim
Esqueci-me endereço próprio
Fechei a chave dentro e tranquei-me
Acenei-me e estranhei-me
Da janela me vi a distanciar-me
Sem me olhar para trás sentia que via sumir-me
Diluir-me numa multidão de eus que não me distinguiam
Deixei-me para sempre trancada em mim
Nunca mais passei e me vi, na minha janela em que me mirava
Andava a deriva, derivando-me em cada eu mesmo
No dia que me fui de mim, deixei-me só comigo
Fui egoísta e saí sem pensar em mim, que ensimesmada morreria
Sozinha, reclusa e ausente de mim que saíra para libertar-me
Talvez quisera matar-me, abstendo-me da minha presença que me fiz questão de esquecer-me
Eu corria e zombava dos eus que via, todos tão autolocalizados
Olhavam-me na janela e acenavam-me, logo os eus que eu desprezava-me
Preferia andar-me sem endereço próprio
Sem me endereçar caminhava por vias de mim mesma
Eu estava presa, estava longe de mim, vagando-me apartamento
Apartando-me fui de mim a toda hora
Desprezando-me de dentro e vagando-me de fora
 
 


 

 

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